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Um retrato da saúde e bem-estar dos profissionais da música europeus

Alexandra Gomes
Consultoria, Formação e Mentoria

Prestar atenção à saúde e bem-estar dos profissionais é algo cada vez mais comum em todas as profissões.

Desta vez, a novidade é um relatório da Comissão Europeia que revela as preocupações com a saúde e bem-estar dos profissionais da música europeus, em especial depois das várias crises recentes, como a COVID-19.

O objetivo é criar as bases para novas políticas euopeias comuns a todos os países europeus, com vista à implementação de programas e iniciativas que ajudem os músicos e criadores musicais a cuidarem melhor da sua saúde física e mental.

Hoje, cá no blog, abro este espaço de reflexão, porque é importante estar bem para fazer seja que trabalho for. Por outro lado, muitas vezes na nossa sociedade, não se pensa a Música (e as Artes em geral) como sendo um trabalho, e este artigo é um contributo para mostrar o quão erradas podem estar essas ideias…

Sei que concordas comigo quando digo que é importante chamar a atenção para este tema. Portanto, vem daí descobrir comigo o que nos diz este relatório.

Os desafios da música enquanto profissão

— Mãe, quando crescer vou ser Músico!

— Músico?! Mas isso não é trabalho, filho! Onde é que já se viu um músico estar bem na vida?…

 

Muitas vezes, o desafio começa logo a partir de casa e deriva de um grande preconceito social que custa a desaparecer ao longo dos tempos.

No entanto, não é disso que nos fala o relatório da Comissão Europeia “The Health and Wellbeing of Professional Musicians and Music Creators in the EU – insights from research for policy and practice.”

Como demonstrado no exemplo acima, para criar e realizar música profissionalmente, é preciso uma grande resistência e resiliência física e psicológica.

De acordo com a Comissária Europeia para Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude, Mariya Gabriel, os profissionais da música trabalham “num contexto de rápida mudança, onde a música é criada, distribuida, consumida e monetizada de maneiras completamente novas. O novo cenário cria uma pressão e stress extras em todos os profissionais da música, que agora precisam de uma série de outras habilidades (como competências digitais e de gestão), além do virtuosismo e proficiência.”

Muitas vezes falo disto nos cursos e workshops que dinamizo. É uma realidade que todos nós sentimos na pele todos os dias. O mundo está mais digital e as novas tecnologias aceleraram praticamente todas as áreas da nossa vida. Por um lado, isso traz-nos benefícios e facilidades, mas por outro, exige-nos uma grande capacidade de adaptação e aprendizagem constantes, que nem sempre é benéfica.

Na música europeia, em especial na área da música dita “clássica,” há ainda uma resistência muito grande à mudança. No mundo pop e rock, por exemplo, acontece o contrário, já que parece que muitos artistas e músicos abraçaram as novas tecnologias e encontram novos caminhos para criar negócios musicais a partir delas, ao mesmo tempo que difundem a sua música facilmente por essa via.

No entanto, é preciso compreender as resistências dos profissionais da música clássica. É difícil reinventar-se num mundo profissional altamente conservador, onde quem tenta inovar é, muitas vezes, mal visto e duramente criticado pelos seus pares.

Mas atenção: tal como as mudanças rápidas, também a excessiva resistência à mudança pode causar maior stress e ansiedade, já que é difícil estar sempre a “nadar contra a corrente.”

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Os factores de risco para os profissionais da música

O relatório informa que os músicos profissionais e criadores musicais são vulneráveis a vários factores de risco para a sua saúde física e mental.

É frequente que estes profissionais sintam:

  • Ansiedade de desempenho e social.
  • Solidão.
  • Insegurança financeira.
  • Tensão e distúrbios físicos.
  • Perda auditiva induzida por ruído.
  • Distúrbios do sono.
  • Danos vocais.
  • Problemas devido ao uso de substâncias proibidas e álcool.
  • Problemas de visão.
  • Depressão.

Os riscos para a saúde dos profissionais da música são de 5 tipos:

Este quadro de saúde física e mental preocupa a Comunidade Europeia, que procura, através deste relatório, encontrar caminhos e exemplos de sucesso para trabalhar em soluções e políticas que ajudem a melhorar a política e a vida de milhões destes profissionais em toda a Europa.

As principais conclusões do relatório da União Europeia

Como soluções para melhorar esta realidade, o Relatório sugere e recomenda que:

Cá estão ideias possíveis de realizar, mas nenhum de nós sabe ainda como é que estas sugestões vão ser implementadas na prática (ou se o serão verdadeiramente) e quando serão implementadas.

O facto é que o problema existe e os desafios são muitos. Até que as autoridades encontrem os caminhos para dar o seu contributo para a solução, cada um de nós é chamado a fazer a sua parte, desde o aceitar que a Música também é uma profissão e, como tal, há que haver respeito pelo trabalho de quem nela desenvolve a sua atividade, até aos pequenos cuidados de saúde e ao evitar situações menos agradáveis relacionadas com substâncias perigosas…

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