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5 Dicas para preparar candidaturas para apoios de projetos artísticos ou culturais

Alexandra Gomes
Consultoria, Formação e Mentoria

Se trabalhas como artista independente, promotor ou produtor cultural, sabes que em Portugal há todo um mundo de candidaturas para vários fins e tipos de projetos.

Apresentar candidaturas é algo natural e comum em várias áreas de trabalho. Na área das artes e da cultura é particularmente essencial, pois muitas vezes uma candidatura (e o seu resultado) pode ditar a concretização (ou não) de um determinado projeto, que de outra maneira é difícil de realizar.

Este artigo é uma pequena ajuda para todos as pessoas (profissionais ou amadores) das mais diversas áreas culturais que tenham em mãos a tarefa de preparar uma candidatura para um projeto artístico ou cultural.

A Importância das Candidaturas para a Gestão Cultural e para a Gestão de Carreira Artística

O sector cultural em Portugal sofre de uma co-dependência (quase crónica) de apoios para a concretização dos mais variados projetos culturais.

Embora ultimamente esteja a começar a haver um esforço maior por parte das autoridades competentes em corrigir algumas fragilidades do sector, a verdade é que muitas vezes esse esforço não tem sido suficiente face ao funcionamento prático e real dessa área em Portugal.

Por outro lado, em geral falha-se frequentemente em reconhecer a importância estratégica deste sector para a economia nacional, e ignora-se muitas vezes a sua importância social para o país e para a identidade do seu povo.

A pandemia tem exposto, desde 2020, muitas dessas fragilidades, mas as soluções propostas até ao momento provavelmente só terão efeitos visíveis a longo prazo.

Assim, temos que admitir que a existência de programas e projetos que têm por finalidade apoiar as mais diversas artes é uma ajuda preciosa para a manutenção e desenvolvimento deste sector em Portugal.

Os programas de apoio são também uma ferramenta de trabalho que não pode, nem deve, ser ignorada no contexto da gestão cultural e da gestão de uma carreira artística, pois é muitas vezes um dos únicos meios para colocar de pé um projeto artístico e/ou cultural.

Ora, para acederes a esses programas e apoios, normalmente é necessário que apresentes uma candidatura. Portanto, as candidaturas são vitais acederes a programas de apoio que permitem a concretização e sobrevivência dos diferentes projetos culturais e/ou artísticos em que apostas.

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Tipos de Candidatura que Existem para Projetos Artísticos e Culturais

Os tipos de candidatura para projetos artísticos e culturais dependem do tipo de programa ou apoio que lhe está subjacente, e diferem consoante a sua finalidade e área de atuação. Assim, as candidaturas podem ser feitas com vista a obter:

Por outro lado, existem candidaturas para várias áreas artísticas e culturais. Os interessados devem sempre manter-se atentos às aberturas dos programas que interessam para a sua área artística.

Há programas e candidaturas que são anuais ou plurianuais, mas também há programas cujas candidaturas são recebidas a cada X anos, ou que, por exemplo, são abertos apenas uma vez com um determinado objetivo muito específico.

Já o âmbito das candidaturas, este pode ser local, regional, nacional ou internacional.

Podem também ser candidaturas dirigidas a pessoas singulares ou a pessoas coletivas, com ou sem fins lucrativos.

Enfim, há uma variedade enorme de possibilidades nesta área, e, consequentemente, também de oportunidades que podem despontar no horizonte a qualquer momento.

5 Dicas de Preparação de Candidaturas para Projetos Artísticos ou Culturais

Então, se tens um (ou mais) projeto artistico/cultural em mãos e procuras apoios para o realizares, certamente terás que fazer alguma candidatura, que, à primeira vista, até te pode parecer complicada…

Portanto o primeiro truque é não desesperares e manteres a calma. Como sabes, tenho alguns anos de experiência em fazer candidaturas e posso dizer-te que a maior parte das vezes não é difícil como parece.

É verdade que às vezes podem existir candidaturas mais simples e outras ou mais complexas, dependendo dos programas, mas o facto de te candidatares requer simplesmente:

Seja como for, como imaginas, estou aqui para te ajudar. Nesse sentido, deixo-te de seguida algumas dicas básicas que eu própria sigo sempre.

Poderá parecer-te muito trabalho, mas posso assegurar-te que são pequenas técnicas que te poupam muito tempo e esforço no desenho, montagem e submissão de uma candidatura, independentemente do seu grau de complexidade (ou pelo menos é essa a minha experiência pessoal).

Posto isto, cá te ficam as dicas:

Faz uma pesquisa inicial geral que te permita perceber que tipos de apoios existem para a tua área artística, escrevendo tudo o que encontrares numa lista inicial.

Se nunca fizeste essa pesquisa, a primeira vez que a fazes deves ser o mais exaustivo(a) possível, pois isso permitir-te-á ter uma visão global das possibilidades que existem neste campo, independentemente do projeto que tens em mãos no momento.

Hoje em dia é muito fácil recolher essa informação. De facto, os dados pordem ser recolhidos, por exemplo:

  1. Online. Podes inscrever-te em Newsletters que sejam úteis, consultar páginas especializadas nas redes sociais e/ou fazer pesquisas por temas.
  2. Consultando revistas/jornais especializadas na tua área ou na área cultural em geral.
  3. Conversando com colegas e conhecidos de profissão.

Uma vez recolhida essa informação, aconselho-te a organizá-la de uma maneira que seja fácil para ti consultar essa lista no futuro, sempre que te seja necessário. Por exemplo, pode ajudar colocar à frente de cada programa o período (quando) em que as respetivas candidaturas normalmente decorrem, e subdividir a tua lista por grupos temáticos de tipologia de apoio.

Não te esqueças de ir atualizando essa lista regularmente. Provavelmente atualizar uma vez por ano será suficiente, mas decides tu como deves gerir essa informação.

Tem em mente o projeto que tens em mãos no momento, e define que tipo(s) de apoio(s) necessitas.

Depois, consulta a lista que fizeste anteriormente (dica #1) e selecciona o(s) programa(s) que te parece(m) mais adequado(s) aos teus objetivos e necessidades.

Uma vez feita essa selecção, pesquisa e toma nota sobre o máximo de informação possível sobre esse(s) programa(s) de apoio, recolhe, por exemplo:

  • Regulamentos;
  • Informações sobre procedimentos;
  • Informações sobre os documentos e conteúdos necessários para submeter cada candidatura;
  • Informações sobre critérios de avaliação, objetivos do programa, destinatários, eventuais limitações e caraterísticas específicas;
  • Se possível, informações sobre júris, edições anteriores e vencedores/seleccionados nessas edições.

Isto permtir-te-á ter uma ideia muito clara sobre os tempos, prazos, procedimentos e trabalho subjacente a cada candidatura que eventualmente decidas apresentar. 

Também te ajuda a fazer uma segunda selecção dos programas e candidaturas que são realmente adequados para o teu projeto e aqueles que são mais realistas em relação à tua capacidade de trabalho e objetivos.

Este ponto parece básico, bem o sei, mas ficarias surpreendido(a) com a quantidade de pessoas que não prestam atenção a este pormenor, na ânsia de se candidatar e/ou dar a conhecer o seu projeto!

É compreensível o facto de se estar entusiasmado(a)s com um projeto e com o trabalho prático que ele envolve… Mas a verdade é que as candidaturas são, muitas vezes, um trabalho muito burocrático e pouco artístico. Pode até ser chato fazê-las.

Assim, ignorares este ponto significa correres o risco de não conseguires completar a candidatura em tempo útil, ou pelo menos, não a apresentares com as caraterísticas necessárias para ser tida em conta e/ou para oteres uma boa avaliação/pontuação.

Assim, uma leitura atenta dos regulamentos, guias e outros materiais disponibilizados pelos promotores do(s) programa(s) de apoio a que te queres candidatar é muito importante e recomendada, pois ajuda-te a:

  • Organizar o teu trabalho em relação à candidatura;
  • Descobrir os ângulos sob os quais que te convém apresentar o teu projeto no âmbito de determinado programa de apoio;
  • Saber de antemão prazos, materiais/conteúdos necessários e formas de submissão, entre muitos outros detalhes cruciais para que corra tudo bem.

Na sequência da dica #3, aconselho-te sempre fazer um breve esquema prévio de organização (ou utilizar outro sistema que funcione melhor para ti) com o levantamento do trabalho e materiais necessários para completares a candidatura.

Essa organização deve ser escrita de alguma forma (à mão, no computador, num quadro disponível para a equipa, etc.), pois a escrita, mesmo que de forma esquemática, permite visualizar imediatamente o ponto de situação da candidatura em cada momento.

Nessa organização podes incluir indicações como, por exemplo:

  • Uma lista do material necessário para a candidatura;
  • Os tempos máximos previstos para completar cada material;
  • Os contactos a estabelecer (pesquisas a realizar ou ideias a aprofundar) para completar cada informação/conteúdo/material; 
  • Quando tens uma equipa de trabalho, a pessoa responsável por cada parte da candidatura;
  • O calendário previsto para o trabalho de candidatura;
  • Todas as outras informações que considerares importantes para o bom desenvolvimento da candidatura, dentro dos prazos estabelecidos.

 

♣ Lembra-te que uma vez que decidiste realizar uma (ou mais) candidatura(s) a um (ou mais ) programa(s), esse trabalho passa a fazer parte integrante da realização do teu projeto, pelo que não será um tempo de trabalho à parte, mas algo que deverá contribuir para o crescimento, melhoria e desenvolvimento do projeto, independentemente do resultado final da candidatura.

Mais uma vez, este parece um ponto lógico, mas muitas vezes acontece, em especial nas vésperas do prazo limite para entregar uma determinada candidatura, a pressa ser tanta (daí a importância de organizar o trabalho como referido na dica anterior) que muitas pessoas não fazem sequer uma revisão final do material antes de o enviar!

O risco dessa acção é que a candidatura pode ser submetida incompleta, com erros de forma ou erros ortográficos, por exemplo, o que pode inviabilizar a sua submissão e/ou contribuir para o seu insucesso.

A maioria das candidaturas para programas na área cultural envolve pelo menos uma parte escrita.

Lembra-te que no momento da leitura desse material, é muito improvável que tu possas estar presente para apresentar correções e clarificar ideias, pelo que, o teu esforço deve ir no sentido de produzir e completar o material de candidatura o melhor que te for possível antes da submissão do mesmo.

É por isso que os rascunhos e revisões se tornam uma técnica/ferramenta de trabalho essencial, pelo que te aconselho a deixar sempre um momento para isso, antes de submeteres a candidatura.

Isso contribui para que possas encontrar, corrigir e ajustar pequenos pormenores como erros ortográficos/gramaticais, partes incompletas ou repetidas, ideias pouco claras, partes a mais ou em falta, etc.

Procura manter as coisas simples, diretas, claras, compreensíveis e fáceis de consultar ao longo de todo o material.

Se estiveres a trabalhar sozinho(a), uma maneira de fazer esta revisão é pedir a opinião de alguém da sua confiança com vista a melhorar o material.

Uma boa revisão:

  • Aumenta a probabilidade de sucesso da candidatura;
  • É uma forma de validar o teu trabalho/projeto;
  • Permite-te teres maior confiança no material que estás a apresentar, o qual é também uma parte da imagem profissional que transmites a terceiros (que muitas vezes não te conhecem previamente).

 

Uma vez que o material esteja completo e revisto, é só apresentares/submeteres a candidatura seguindo os procedimentos que já conheceste previamente analisando os regulamentos (dica #2).

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