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10 Tendências do Negócio da Música para 2023
Depois de ter escrito o meu livro sobre o Negócio da Música Clássica em Portugal, nunca deixei de me interessar pelo negócio da música em geral.
Ao longo dos anos tenho acompanhado as tendências deste negócio tão particular e decidi partilhar contigo aquilo que descobri serem algumas das tendências para 2023.
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10 Tendências do Negócio da Música em 2023
- O streaming cresce a olhos vistos;
- A nível global, as pessoas ouvem mais música que antes;
- Existem mais formas para as pessoas terem contacto com a música;
- A maioria das pessoas acende a rádio para ouvir música e não para saber notícias;
- A globalização faz aumentar os tipos de música que as pessoas ouvem;
- As pessoas estão a comprar mais música nos formatos digitais;
- O Estatuto dos Profissionais da Cultura mudou a forma de passar recibos verdes e as contribuições para a segurança social;
- A discussão sobre os ganhos das plataformas distribuidoras de música vai continuar;
- Os festivais de música vão continuar na ordem do dia;
- A comunicação e o marketing cultural serão sempre mais digitais.
#1 - O streaming cresce a olhos vistos
A nível global, em 2022, o streaming já representava 65% das receitas geradas por toda a música gravada.
Em Portugal, os dados são de 2020, mas nesse ano o streaming já representava cerca de 74% das receitas obtidas através da comercialização de música gravada. Em território português, o negócio digital gerou cerca de 16 milhões de euros em 2020.
Por outro lado, em relação a 2019, o streaming em Portugal cresceu 20,5%.
Pelo contrário, em 2020, o mercado das vendas físicas em Portugal registou uma forte queda, reduzindo-se em cerca de 20% em relação a 2019. Provavelmente esta tendência foi agravada pela pandemia, mas é algo que já estava a acontecer antes de 2019. A pandemia parece que apenas acelerou o processo…
Nada indica que esta tendência se vá inverter em 2023. Pelo contrário… Basta ver quantos negócios de venda de CD estão a fechar e passar pelas prateleiras de discos da FNAC para ver essa realidade em primeira mão.
#2 - A nível global, as pessoas ouvem mais música que antes
Em 2021, as pessoas ouviam em média 18,4 horas de música por semana. Em 2022, a média foi de 20,1 horas por semana. É o equivalente a ouvir mais 34 músicas de 3 minutos por semana!
Em 2023 parece que vamos continuar neste caminho e a música vai fazer parte da nossa semana por várias horas.
#3 - Existem mais formas para as pessoas terem contacto com a música
Em 2022 as pessoas usaram mais formas que antes para interagir com a música.
Foram definidas 6 formas principais que as pessoas usaram: streaming de vídeo, rádio, televisão, filmes, bandas sonoras dos jogos e criação de vídeos curtos.
Tendo em conta o evoluir das novas tecnologias, tudo indica que as formas de interação com a música vão continuar a multiplicar-se em 2023 em todo o mundo.
#4 - A maioria das pessoas acende a rádio para ouvir música e não para saber notícias
Em 2022, 73% das pessoas acendeu a rádio apenas para ouvir música. Se queres saber mais, 5% ouviram música através das redes sociais e 4% foram a concertos ao vivo.
Em 2023 faz o máximo para a tua música chegar à rádio e estás no bom caminho.
#5 - A globalização faz aumentar os tipos de música que as pessoas ouvem
Em 2022, as nível global, as pessoas ouviram mais do que 500 tipos de música, que incluem Hip-Hop, Rock e Pop, mas também “Sertanejo”, “Samba”, “Disco-Polo” e “Dangdut”.
Em 2023, a riqueza musical do mundo vai continuar a ser descoberta e explorada pelos fãs em redor do Globo.
#6 - As pessoas estão a comprar mais música nos formatos digitais
Em 2022 a maior tendência das pessoas a nível global foi subscrever serviços de streaming para ouvir música (24%), no entanto cerca de 10% compraram música também noutros formatos (CDs, Vinyl e download digital).
Por terras portuguesas os dados de 2020 indicam que a tendência de subscrever serviços para ouvir música em streaming também cresceu e nada indica que em 2023 se esteja a inverter.
#7 - O Estatuto dos Profissionais da Cultura mudou a forma de passar recibos verdes e as contribuições para a segurança social
Pois é, não é novidade deste ano, mas nunca é demais relembrar. Em 2023 podes continuar a escolher se gerir a tua atividade musical como sempre, ou se fazê-lo ao abrigo do Estatuto dos Profissionais da Cultura.
Se escolhes a segunda opção, tens que inscrever-te na IGAC, passar as tuas facturas (antigos recibos verdes) de acordo com um novo formato e informar-te bem sobre as mudanças que ocorrem a respeito das tuas contribuições para a segurança social.
O Estatuto dos Profissionais da Cultura foi revisto em 2022 e muda também os regimes do contrato de trabalho e do contrato de prestação de serviços para os profissionais da cultura.
#8 - A discussão sobre os ganhos das plataformas distribuidoras de música vai continuar
O streaming cresce, mas nem por isso os rendimentos dos artistas e músicos têm sido maiores nos últimos anos.
Desde 2020 tem-se criado uma maior consciência sobre esta fragilidade do mercado musical. Hoje, várias entidades, incluindo Estados, Editoras, Cooperativas de Artistas e Entidades Gestoras de Direitos, estão empenhadas neste debate que parece que se irá manter bem vivo também em 2023.
#9 - Os festivais de música vão continuar na ordem do dia
Só em Portugal são pelo menos 10 os principais Festivais de Música que acontecem em 2023, incluindo os já famosos NosAlive, Paredes de Coura, CoolJazz, Super Bock em Stok e o Primavera Sound, entre tantos outros.
Há festivais de música para todos os gostos, desde a música clássica até ao rock, passando pelo jazz e as músicas do mundo.
Talvez já não vais a tempo de participar enquanto músico (para isso deves candidatar-te e enviar propostas para as próximas edições), mas podes sempre participar enquanto fã e alargar os teus horizontes musicais.
#10 - A comunicação e o marketing cultural serão sempre mais digitais
É uma tendência geral a que o sector cultural não escapa: em 2023 a comunicação e marketing cultural serão mais digitais. Continuam na ordem do dia os websites profissionais, as redes sociais e o email marketing, bem como os podcasts, os vídeos, os e-books e muito mais.
No entanto, não te equeças que no sector cultural não se deve excluir as formas de marketing e comunicação mais “tradicionais,” como a organização de eventos de imprensa e o envio de informação para os meios de comunicação e agendas culturais.
Fontes de Informação:
Para escrever este artigo, foram consultados dados de diferentes entidades:
- Federação Internacional da Indústria Fonográfica
- Audiogest
- INE
- Observatório Europeu do Audiovisual
- Oxford Economics